Uma das minhas maiores alegrias no quesito profissional foi o meu ingresso dentro da rede pública. Como professora de inglês de ensino fundamental 2 e médio, meus 22 anos de experiências iriam fazer de minhas aulas na escola uma extensão daquilo que sempre acreditei: qualidade de ensino, não importa a quem! Só que houve um pequeno empecilho no meu caminho: atribuir turmas não é tão fácil quanto parece.
Existem etapas que para quem está acostumado, é a coisa mais normal do mundo. No entanto, para mim, que nunca havia pisado em uma escola municipal, foi de complicado a impossível de se imaginar. Para começar, precisei ligar para mais de 30 escolas para saber quais tinham vagas apenas à tarde, pois não é uma informação que se coloca no Diário Oficial. Ah! Tem isso também: tudo o que estiver no Diário Oficial, se escreve. Qualquer coisa fora dele, não é legal ou não se garante. Fiz minhas escolhas, coloquei no sistema e aguardei minha colocação. Por sorte, fui designada na minha segunda opção. Ao chegar, na escola mais um baque: eu não teria turmas, seria uma professora substituta e de apoio pedagógico, a chamada ‘módulo’. Aceitei de boa. O problema maior foram as aulas a serem substituídas: a maioria esmagadora no fundamental 1, ou seja, os pequenos de 6 a 10 anos. Pequeno detalhe de grande diferença: nunca trabalhei com crianças. E agora?!?
Dia vai, dia vem, passam-se as semanas e o ano está quase acabando. Tudo lindo, tudo redondinho. Começo a confeccionar minha pasta de módulo, com atividades diversas que trabalham os principais temas do mês envolvendo a língua inglesa para estudantes do 1º ao 3º ano, tem de tudo: New Year, Easter Bunny, Halloween, Thanksgiving e por aí vai. E então, uma nova bomba! Uma das professores de inglês pediu remoção (mudou para uma outra escola) e em 2025, as turmas que eram dela passam a ser minhas. Minha Nossa Senhora!!! Como assim??? De professora-de-vez-em-quando passei a professora de sala. Dos pequenos. Ai meu estômago!!!